sábado, 14 de novembro de 2009

Os rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das raízes da nação Ijexá, proveniente da Nigéria, e dá lastro as outras nações como o Jêje do Daomé, hoje Benim, Cabinda (enclave Angolano) e Oyó, também, da região da Nigéria. O Batuque surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos negros no tempo da escravidão. Um dos principais fundadores do Batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará. É da Junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida como Batuque.
O batuque é uma religião onde se cultuam vários Orixás, oriundos de várias partes da África, e suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc., onde também invocamos as vibrações de nossos Orixás.

Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com características individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou Iyalorixá.

Há uma questão de ordem etmológica no Termo Pará, onde afirma-se ser este o outro nome pelo qual é conhecido o Batuque, ora sabe-se que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o Peji ou quarto-de-santo de Pará e não o ritual sagrado dos Orixás, este sim o Batuque. Esta questão já está dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a Religião Africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões afro-brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.

As Religiões afro-brasileiras são relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e diferentes das Religiões Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu.


Orixás
O culto, no Batuque, é feito exclusivamente aos Orixás, sendo o Bará o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os terreiros, no Candomblé o chamam de Exú.

Entre os Orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, eles simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro do culto. Os principais Orixás cultuados são: Bará, Ogum, Oiá-Iansã, Xangô, Ibeji (que tem seu ritual ligado ao culto de Xangô e Oxum), Odé, Otim, Oba, Ossaim, Xapanã, Oxum, Iemanjá, Oxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá).

E há também divindades que nem todas nações cultuam como: Exú Elegbara, Gama (ligada ao culto de Xapanã), Zína, Zambirá e Xanguín (qualidade rara de Bará) que só os mais antigos tem conhecimentos suficientes para fazer seus rituais.


Templos
No Rio Grande do Sul a área de conservação das religiões africanas vai de Viamão à fronteira do Uruguai, com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto Alegre.

No batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as casas de moradia. É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da construção onde são colocados os assentamentos dos Orixás. Neste local são feitos todos os fundamentos de matanças e trabalhos determinados, oferendas para os Orixás, e o local é considerado sagrado, pessoas vestidas de preto, mulheres em dias de menstruação não entram. Junto a esta parte da casa, chamada de quarto de Santo ou Peji, há o salão onde são realizadas as festas para os Orixás.

O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela exportação dos rituais africanos para outros países da América do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que também procuram seguir a maneira de cultuar os Orixás, e a construção dos templos seguem exemplos dos seus sacerdotes.

Todos os Orixás são montados com ferramentas, Okutás (pedras) etc. e permanecem dentro da mesma casa, com exceção do Bará Lodê e do Ogum Avagãn, que tem seus assentamentos numa casa separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e sacrifícios. A casa dos Eguns também tem lugar definido, é uma construção separada da casa principal, na parte dos fundos do terreiro, onde são feitos diversos rituais.

Em caso de falecimento do Babalorixá ou Iyalorixá, dono do terreiro, fica a critério da família o destino do templo, geralmente não tendo um familiar que possa suceder o morto o templo é fechado. Na maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigações são despachadas num ritual especifico chamado de Erissum (Axexê), por este motivo é muito difícil encontrar ilês (casas) com mais de 60 anos, são muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés a um sucessor, para dar prosseguimento à raiz.

Os rituais de Jêje tem suas rezas próprias (fon), e ainda se vê este belo ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre, as danças são executadas de par, um de frente para o outro. Há também muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó que se aproxima muito do ijexá, já que, estas duas provem de regiões próximas na Nigéria.

A principal característica do ritual do Batuque é o fato do iniciado não poder saber em hipótese alguma que foi possuído pelo seu Orixa, sob pena de ficar louco.

Cada Babalorixá ou Iyalorixá tem autonomia na prática de seus rituais, não existem nomenclaturas de cargos como tem no Candomblé, exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigações.

No mínimo uma vez por ano são feitos homenagens com toques para os Orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de animais de quatro patas aos Orixás, cabritos, cabras, carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos, galinhas e pombos.

Esta obrigação serve para homenagear o Orixá "dono da casa" e dos filhos que ainda não possuem seu próprio templo. A data é geralmente a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá, a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que antigamente duravam 32 dias de obrigações, hoje diante das dificuldades duram no máximo 16. O começo de tudo são as limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida são preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará. A partir deste momento, os iniciados já ficam confinados ao templo, esquecendo então o cotidiano e passam a viver para os Orixás por inteiro até o final dos rituais. No dia do serão (dia da obrigação de matança), todos Orixás recebem sacrifícios de aves

Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.

No dia da festa o salão é enfeitado com as cores dos Orixás homenageados. A abertura se dá com a chamada (invocação aos Orixás), feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de santo), usando a sineta (adjá), saudando todos Orixás. Ao som dos tambores, as pessoas formam uma roda de dança em louvor aos Orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas características.

No final das cerimônias são distribuídos os mercados, (bandejas contendo todo tipo de culinária dos Orixás como: acarajé, axoxó (milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes de cabritos (cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.), alguns consomem ali mesmo, outros levam para comer em casa.

Durante a semana são feitos outros rituais de fundamentos para os Orixás, inclusive a matança de peixe, que para os batuqueiros significa fartura e prosperidade, os peixes oferecidos são da qualidade Jundiá e Pintado; estes são trazidos vivos do cais do porto ou do mercado público, onde o comércio de artigos religiosos é intenso.

No sábado seguinte é feito o encerramento das obrigações, com mesa de Ibejes e toque, novamente em homenagem aos Orixás, neste dia são distribuídos mercados com iguarias e o peixe frito, significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes das homenagens aos Orixás. Após o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de obrigações ao rio, à igreja, ao mercado público e à casa de alguns sacerdotes, que fazem parte da família religiosa, para baterem cabeça em sinal de respeito e agradecimento; este passeio faz parte do cumprimento dos rituais. Após o passeio todos estão liberados para seguirem normalmente o cotidiano de suas vidas.

Otimo para iniciantes mesmo!

Tipo: tudo q tá escrito aqui a maioria já sabe, já viu, já vivenciou ou ainda vai vivenciar!

Não penso que batuque se aprende lendo, mas sim vivendo, cada dia uma coisa diferente e tenho certeza que no final da vida não teremos chegado nem a metade do que podiamos aprender.

Com relação ao texto: Me interesso em tudo q leio sobre nossa religião, vcs não tem noção de horas q passo lendo os tópicos aki nessa comunidade!
Isso me da a chance de acrescentar um pouco mais ao (ainda) pouco conhecimento que tenho.
Me da a chance de comparar as diferenças;
Me da a chance de chegar em meio a uma discução sobre determinado assunto e dizer, na minha casa é assim, mas já li que fazem de outro jeito tb!

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