sábado, 26 de fevereiro de 2011

O QUE IMPORTA AS HORAS?


O que importa as horas,
Se o amor não quer ouvir, não quer viver,
Prefere morrer aos poucos?

O que importa as horas,
Se o que o tempo cobra eu não posso dar,
Se o tempo se torna pequeno para o que se quer viver?

O que importa as horas,
Se insisto em cantar uma primavera que não existe,
Se finjo um verso em hora tardia?

Pobre mão errada desta letra que persiste,
Que pensa e sente tudo que está dentro de mim,
Pudera eu deixar tudo isso de lado, e viver na mais absoluta razão!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

**Isefá e Itefá (Rituais de Ifá)**

Acreditamos que Orí é algo único e individual, assim como nossas impressões digitais, então não vejo como possa haver uma pré-determinação nos caminhos do Culto a Ifá no que tange a iniciações e sacralizações, para esta ou aquela pessoa. Haja vista que cada ser humano possui um desenvolvimento pessoal diferenciado seria impossível ser homogêneo neste aspecto.

Quanto às cerimônias iniciáticas e de passagem podemos especificar as seguintes:

O ISEFA: 

Ato iniciático onde o postulante passa a condição de iniciando, quando então, passa a ser reconhecido como um "Omo Awo"(Filho do Segredo) de nossa família. Neste ato iniciático acaba por tomar conhecimento de seu Odu temporal (ou placentário, ou seja, aquele que ele recebeu ao nascer nesta existência), bem como os possíveis ewos provenientes dele. É quando o iniciado se compromete consigo mesmo por um determinado período, aprendendo as normas de condutas que devem ou não ser tomadas, etc. O Isefa tem a incumbência de proporcionar e propiciar o paulatino crescimento Espiritual, por isso mesmo, é uma cerimônia permitida e aconselhada a toda e qualquer pessoa. 

O ITEFA:

O ITEFA
Itefa(Itelodu) é o ato litúrgico iniciatico aonde se revela o caminho sacerdotal do novo Bàbálawo, quando então lhe é sacado um n:ovo odu, só que desta feita, não será mais um Odu transitório, más sim um Odu atemporal, ou seja, aquele que temos em todas as encarnações que tivemos, a que temos, bem como aquelas que ainda teremos, ou seja, as passadas, a presente, bem como a futura. Conforme o que Ifá revelar, este Sacerdote passará a ser reconhecido como um novo membro da Egbé Bàbálawo, não importando o quanto novo seja, pois é exatamente ai que se dá realmente o inicio a longa sua longa jornada de aprendizado dentro do Culto ao Senhor do Verbo. Podemos dizer ainda que é a partir deste ponto que o iniciado, agora na categoria de Bàbálawo passa a ter o compromisso diretamente com o Ifá ao invés de somente consigo próprio como ocorreu em seu Isefa. O aprendizado do Bàbálawo se consiste também na árdua tarefa de aprender e reconhecer os instrumentos divinatórios, a exemplo de Ikin( o Grande Jogo) e Okpele. Devendo ainda aprender sobre os Odus e seus respectivos Itans, além de suas Ewé, Ofo, Oogun, etc. Enfim inteirar-se mais profundamente no "Corpus Literario de Ifá" e bem como na "Medicina Tradicional africana yorùbá". Com o devido tempo e bastante esforço o novo Bàbálawo adquiri mais conhecimento e em conseqüência disso, mais autoconfiança, o que culminará em capacitá-lo cada vez mais a executar e transmitir aquilo que lhe foi legado pelos seus Ojugbona. Por causa desta forma de aprendizado e que nada se faz sozinho, todos devem ter o importante e fundamental respaldo de seus mais velhos, independentemente do tempo que tenham como iniciados, pois o verdadeiro Bàbálawo é aquele que sabe que nada se deve fazer sozinho durante sua jornada. O profundo senso de Awo Mimo(Família) é indispensável para que ele não venha a cometer enganos desastrosos para si o mesmo para os outros, devendo ainda ser consciente de que seu Ego deve estar sempre sob domínio, pois o saber é plural e nunca singular. A concepção de que dividindo se soma, é intrínseca a qualquer pessoa que se julgue Bàbálawo, pois seu renascimento deve se dar diariamente, pois a cada reinicio diário terá também as benesses de um maior conhecimento, pois a palavra de Orunmilá deve ser proferida por toda a Egbé, e não somente por uma só pessoa. Finalmente o Bàbálawo recebera seu IgbaOdu no tempo determinado por Ifá, quando então em posse de seu útero passará a ser reconhecido como um Oluwo, e poderá então dar prosseguimento ao seu destino de parir bons filhos do Ifá. É importante frisar que infelizmente aqueles que não seguem a firme doutrina de Iwa Pele que rege todos Bàbálawos, e se utilizam a vilania, acabam por tornar-se um "útero estéril" tornando-se o oposto do que era inicialmente seu destino, ou seja, uma aberração sacerdotal. Então tenhamos todos muito cuidado, pois uma atitude errada, bem como ego exagerado somente conseguirão clonar novas aberrações, que infelizmente darão continuidade a esta triste sina. Ifá é a verdade, a verdade é a luz do conhecimento verdadeiro, e quem vive na luz não deve se apressar. O tempo tem tempo, de tempo ser...

A SOCIEDADE ORÒ

A SOCIEDADE ORÒ é considerada entre os yorubas a mais poderosa. Entre os OYO e os EGBA (capital Abeokuta) seu poder político supera as exigências religiosas. ORÒ possui o direito de vigiar se os governantes respeitam os preceitos morais divinos. Em suas mãos está  a salvaguarda da ordem tradicional, o conhecimento e cuidado dos mitos, o folclore e a historia. Seu saber encerra a sabedoria da sociedade. ORÒ antes do período colonial tinha o direito de condenar a morte em tribunais secretos e justiçar os condenados. Não obstante ORÒ desempenha também outras funções sociais. Os membros de sua sociedade se preocupam em enterrar adequadamente os mortos e conseguir que suas almas cheguem com segurança ao reino dos defuntos; e dá também sepultura à aquelas pessoas que tenham tido uma má morte, por exemplo na assassinados ou por acidente.
ORÒ está basicamente a serviço dos espíritos dos mortos e por isso só aparecem de noite. Seu emblema é um pedaço plano de ferro ou madeira (sobre tudo de madeira de ÓBÓ ou KAM, que as bruxas (AJE) não podem ver nem farejar, presa a um cabo com corda, o que a converte em uma madeira que zumbi(emitindo um som todo particular ao ser manuseada). Cada SOCIEDADE dispõe normalmente de dois tipos destes utensílios. Um é pequeno e se conhece com o nome de ISE (moléstia) e o tom estridente que produz, se conhece como EJA ORO ( Peixe de Orò). O outro provem dos madeiros grandes chamados AGBE (espada) e emite um tom surdo que é considerado como a mesma voz de ORÒ, este som anuncia que a morte está ameaçando alguém.  ORÒ reproduz a voz dos mortos e por isso se diz que são eles os chamam. Antigamente aviam sete dias do ano, (as vezes eram nove) dedicados a adoração de ORÒ sempre em época de lua nova. Os adeptos da sociedade(entre os ABEOKUTA),costumavam levar máscaras de madeira, porém estas não chegam a cobrir todo o rosto da pessoa. Òró, divindade que reside na profundeza dos bosques, também denominado deidade do mistério, do awo (segredo), do retiro ou ainda, do encanto.  O nome que atribuem os Sacerdotes de Ifá a deidade Òró são: Òró Eku, Eminale ou ainda Òrìsà Orifin.  Seu Odu Isalayé, ou seja aquele Odu que o acompanhou do Orun ao Ayie é OwarinSá. Sua morada era no local denominado Orifin quando veio morar no Ayie, más pouco tempo depois foi condenado por Obatala a viver eternamente nas profundezas de Igbo(Floresta), o que hoje conhecemos como Igbo Òró ou Floresta de Òró.

A SOCIEDADE ORÒ

A SOCIEDADE ORÒ
O Culto a divindade Òró é antiquíssimo e secreto, surgiu quando da fundação de Kwara State na Nigéria, esta Sociedade Secreta foi elaborada através de Ejímere o macaco vermelho. O Culto a Òró é tido como mais proeminente e importante que o próprio Culto Egúngún devido as suas atribuições.  Os membros destaSociedade Secreta eram os aplicadores da justiça capital imposta aos infratores condenados pela Sentença proferida pela Corte Ogboni.  É sabido que quando ele sai a rua pela noite, os não iniciados devem permanecer trancados em suas casas som o risco de morte.  Em Oyó o povo Iseyim e Jabata, são aqueles que adoram a divindade Òró.  Anualmente se realizam festivais que tem a duração de sete dias para que se faça a sua adoração, neste período as mulheres e os não iniciados trancam-se em suas casas, excetuando-se alguns momentos diurnos onde se permite sua saída as compras de mantimentos, más isso não ocorre no sétimo dia, quando então é expressamente proibida a circulação de todas pessoas alheias ao Culto, sob pena de execução sumária, não importando seu status social ou qualquer justificativa.  Para chegar a entender o conceito do que para os Yorubás representam as SOCIEDADES SECRETAS, devemos entender que estas chegaram a semear o terror em épocas passadas. Em realidade, o poder estava menos em mãos dos reis e anciãos, do que de numa Sociedade secreta poderosa, cujos emissários se ocultavam embaixo máscaras, o que lhes permitia conseguir sem resistência alguma o que desejavam. A SOCIEDADE SECRETA ORÒ, chegou às mãos dos homens através do seguinte raciocínio:

OLODUMARE

OLODUMARE, o deus criador, deu a primeira mulher, ODÙ, a capacidade de deleitar-se com a vida. Não obstante, ela fez mal uso deste poder, e todos os que a olhavam na face corriam o perigo de acabar cegos. Obatalá se dirigiu então a Orunmila, o deus das profecias, este lhe aconselhou a través do Oráculo de Ifá que tivesse paciência.
ODÙ pediu a Obatalá que fosse a sua casa viver com ela e visse o que fazia. Um dia Obatalá ofereceu como sacrifício alguns caracóis (IGBIN). Comeu a baba de um deles e ofereceu também a ODÙ.  A mucosidade do caracol abrandou o coração de ODÙ, de forma que Obatalá pode conhecer todos seus segredos, incluído o da sociedade Orò e Egúngún. Deste momento em diante, estas sociedades, estão em poder dos homens. ODÙ recomendou buscar a benevolência e a aceitação das mulheres para que estas seguissem sendo mães. Assim se fez e os homens tiveram poder sobre as mulheres, porém estas tiveram em suas mãos o poder sobre a vida. Se não tivesse sido assim, não haveriam nascimentos...

Medicinas, Magias e Ebós

Medicinas, Magias e Ebós
As magias e medicinas africanas somente devem ser empregadas pelos babalawos, que com sua sabedoria e responsabilidade em primeiro lugar, fazem uma consulta oracular para avaliar as verdadeiras necessidades dos consulentes.

OÒGÙN – Receitas mágicas de uso medicinal
ÌBÍMO – Receitas mágicas relativas à gravidez e ao nascimento
ÀWÚRE – Receitas mágicas para a prosperidade, trabalho, emprego e sucesso
ÀBÌLÙ – Receitas mágicas de uso maléfico
ÌDÁÀBÒBÒ - Receitas mágicas para proteção contra trabalhos maléficos
Vou abaixo informar algumas das medicinas/magias do culto yoruba, no entanto chamo a atenção para o uso indiscriminado destes preparados e de um comercio negro que infelizmente ocorre por conta de pessoas que apenas querem enriquecer, não observando a fundo o problema da pessoa em questão.
No campo da medicina africana é difícil separar a linha entre o chamado conhecimento cientifico e a pratica “mágica”. Isto se da, pela importância do poder do verbo, a transmissão de conhecimentos entre os sacerdotes mais velhos aos seus aprendizes. Os Ofo são encantações transmitidas oralmente, e isto que é o essencial.
Para a medicina ocidental o conhecimento das propriedades cientifica sejam das plantas, dos elementos, e suas características farmacológicas são o principal. Porem para os povos africanos obter os nomes e propriedades cientificas não é o bastante para conhecer a fundo o seu poder.
Tanto na cultura, como nos ritus africanos, conhecer os nomes das pessoas, dos elementos, plantas e animais, significa que podemos, até certo ponto, controla-las. Conseqüentemente, entre os povos da cultura Yoruba a preparação de remédios e trabalhos mágicos devem ser preparadas tão somente pelos babalawos, através dos Ofo (encantações).

Medicinas, Magias e Ebós

Medicinas, Magias e Ebós
As magias e medicinas africanas somente devem ser empregadas pelos babalawos, que com sua sabedoria e responsabilidade em primeiro lugar, fazem uma consulta oracular para avaliar as verdadeiras necessidades dos consulentes.

OÒGÙN – Receitas mágicas de uso medicinal
ÌBÍMO – Receitas mágicas relativas à gravidez e ao nascimento
ÀWÚRE – Receitas mágicas para a prosperidade, trabalho, emprego e sucesso
ÀBÌLÙ – Receitas mágicas de uso maléfico
ÌDÁÀBÒBÒ - Receitas mágicas para proteção contra trabalhos maléficos
Vou abaixo informar algumas das medicinas/magias do culto yoruba, no entanto chamo a atenção para o uso indiscriminado destes preparados e de um comercio negro que infelizmente ocorre por conta de pessoas que apenas querem enriquecer, não observando a fundo o problema da pessoa em questão.
No campo da medicina africana é difícil separar a linha entre o chamado conhecimento cientifico e a pratica “mágica”. Isto se da, pela importância do poder do verbo, a transmissão de conhecimentos entre os sacerdotes mais velhos aos seus aprendizes. Os Ofo são encantações transmitidas oralmente, e isto que é o essencial.
Para a medicina ocidental o conhecimento das propriedades cientifica sejam das plantas, dos elementos, e suas características farmacológicas são o principal. Porem para os povos africanos obter os nomes e propriedades cientificas não é o bastante para conhecer a fundo o seu poder.
Tanto na cultura, como nos ritus africanos, conhecer os nomes das pessoas, dos elementos, plantas e animais, significa que podemos, até certo ponto, controla-las. Conseqüentemente, entre os povos da cultura Yoruba a preparação de remédios e trabalhos mágicos devem ser preparadas tão somente pelos babalawos, através dos Ofo (encantações).

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

atabaques e os orixás

Os tambores tem um alto poder mágico e ao tocá-los expressam a consagração espiritual. Eles ligam os iniciados às divindades, o profano ao sagrado. Para a raça negra, o atabaque representa o Logos: ao mesmo tempo rei, artesão, guerreiro ou caçador, como se em uma voz múltipla, o ritmo vital da alma estivesse reunido nos momentos do toque.








No Brasil, especialmente nos terreiros de candomblé, verificamos a presença fundamental dos atabaques e dos ogãs – padrinhos do culto africano ou brasileiro, ou seja, homens que tocam os atabaques sagrados, cuja missão é a de chamar as divindades para que seus adeptos entrem em transe.



São três tambores (pequeno, médio e grande) medindo entre 70 a 80 centímetros de comprimento e colocados na posição horizontal sobre um cavalete. Eles passam por uma série de estágios: purificação, preparação e conservação, feitos por ogãs. Geralmente estão localizados ao lado do ronkó (quarto onde se inicia os adeptos). Nenhum visitante pode permanecer neste local.





Nos dias em que não são realizadas as festas, os atabaques são cobertos com um pano branco, simbolizando o respeito. É inadmissível que um convidado toque ou improvise algum tipo de som. O cuidado tem um fundamento religioso. Os sons produzidos possuem qualidades especiais, já que representam o caminho, a voz que invoca os orixás a saírem de seu universo para incorporarem em seus adeptos, por isso, são tão respeitados. Muitos acreditam que o som produzido por eles seja a própria voz das divindades.



O ogã não se limita apenas a produzir sons. Ele passa por um ritual de iniciação que se inicia aos 8, 10 anos, perdurando por toda a vida. No dia da festa, ele passa por um processo de purificação antes de tocar seu instrumento sagrado: toma um banho com ervas próprias, além de respeitar algumas proibições alimentares. Também solicita a proteção do seu orixá protetor, colocando diante do altar as oferendas que agradam ao seu deus pessoal. Durante uma festa, é impossível não olhar para os ogãs e seus atabaques. Além dos espectadores, os iniciados também estão constantemente olhando para eles, porque, dependendo do som, entrarão em transe.



Quando o orixá está em terra, a divindade vai até os atabaques para reverenciá-los, demonstrando seus apreço aos músicos. Dependendo do orixá, o ritmo é acelerado e a festa chega ao auge.



Depois, o orixá agradece aos ogãs pelo seus esforços. Pelo fato de eles terem a missão de trazer os deuses africanos para o espaço mágico tocando os tambores míticos, todos os freqüentadores expressam um enorme respeito aos ogãs.