sábado, 3 de março de 2012
MANOEL MENINO DE BARROS
em Literatura por Victor Silveira em 03 de mar de 2012 às 01:55
O menino poeta, das imagens transmutáveis, da singela e doce liberdade de mato, de pedras, lagartos e pássaros. E uma homenagem musicalizada, exaltando seu olhar.
O encantamento que me proporcionou o conhecimento da obra poética de Manoel de Barros, mantém se imune a despaixão. Uma espécie de apego aveludado, um recanto de intimidade, despretensiosidade, espontaneidade, alívio, suspiro e descanso. É dessa forma que se dá em mim a leitura de seus livros e poesias. Uma necessidade para além de um condicionamento engendrado. Mas sim uma fuga necessária e consciente, desse turbilhão chamado vida adulta. E o estímulo é sempre o mesmo. Aleatoriamente me pego a debulhar sua riqueza do nada, pela formas e cores de seus versos.
O "Fazer-se menino". O retorno ao estado de onipotência narcísica. Que brinca com as palavras que se o fizesse consigo próprio. O feio do que não é espelho, onde ver a si mesmo contrai a imagem de uma imensidão de desconhecimento, que gera a busca por uma não-verdade. São dessas vivências do olhar de um menino, isoladas das cordas de sociabilidades morais e culturais, que sua letra vira pássaro e verso, e voá fora das assas.
Nessa experimentação fascinante de redescoberta das palavras e das coisas, o fazer-e-desfazer, a exaltação dos despropósitos e das insignificâncias. A subversão se instaura em sua obra poética causando uma ruptura literária de densidade crítica e de trans-valoração.
Manoel menino de Barros, que tornou-se o título de uma música composta em homenagem ao poeta maior, por José Eduardo Gallindo Novo, o ZeDu. Em uma inciativa da Tv Morena de Mato Grosso, a música virou um clipe, em um projeto idealizado pelo jornalista Ronaldo Balla, de incentivo e divulgação das manifestações artísticas regionais, sendo difundida em veículos de comunicação em massa, rádio e TV.
O compositor conta que ao fazer uma visita a Manoel de Barros tinha a intenção de pedir uma poesia para musicalizar. "É um pedido ao qual o poeta responde sempre com a seguinte frase: Leia meus livros e disponha”.
E foi por este impulso que o músico decidiu, compor a musica homenageando e exaltando a obra mundialmente conhecida e aplaudida do poeta.
Manoel menino de barros
(José eduardo gallindo novo - zedu)
Néquinho
Me ensinas-te a reler
Re-olhar, reviver as grandezas do chão
Na poesia que nasceu dos desvãos
Pra brincar as palavras
No estame do som
Néquinho, és poeta que brota
Como o musgo em silêncio
De árvores a sublimar canções
Existência sem medida
Flor, lápis e papel
Rãs, ferrugem e pedras,
Manoel Manoel de barros
Nasceu cuiabá
Vive campo grande
Viveu corumbá
Rios de janeiros
Cidades do mundo
Sorveu água fresca
E a luz do pantanal
Manoel de barros
Exagera o azul
O desimportante
Futuro nobel
Manoel de barros
Olhar de menino
Uma garça branca
No azul do céu
Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/embriaguez_artistica/2012/03/manoel-menino-de-barros.html#ixzz1o6Av8AYj
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