sábado, 8 de janeiro de 2011

Direitos Humanos e Evolução Espiritual

Direitos Humanos e Evolução Espiritual



Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada há 60 anos, em São Francisco, Califórnia, EUA, como o “primeiro tratado mundial destinado a promover e defender os princípios básicos dos direitos humanos, prerrogativa dos indivíduos de todas as nações”, conforme Marcelo Henrique Pereira. Continua o autor, afirmando que a Declaração foi o “primeiro mecanismo” a oferecer princípios que orientassem as negociações e relações entre Estados evitando conflitos de abrangências mundiais como a primeira e segunda guerras. Mas, a Declaração atinge as relações dos cidadãos, internamente nos Estados, orientando, também, a convivência pacífica no seio das sociedades.

O autor citado atribui a composição da Declaração à própria “evolução do pensamento individual e coletivo”, frutos do trabalho contestador e reivindicatório de indivíduos e movimentos sociais que não se conformaram com as situações estabelecidas, lutando por mais justiça e equidade entre os homens, enquanto seres sociais e construtores da própria sociedade. Nesse sentido, Marcelo entende os objetivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento de “amplitude planetária”: instrumento capaz de contribuir para a redução das “diferenças sociais e dotar povos e nações de adequados instrumentos de promoção e defesa dos chamados direitos fundamentais da pessoa humana”. Em seguida, constata que mesmo com a existência do documento, continuariam os “modelos governamentais despóticos, reducionistas e ditatoriais, em dados momentos e lugares”.
Isto porque, conforme recente diagnose da Anistia Internacional, 60 anos depois de a Declaração Universal dos Direitos Humanos ter sido adotada pelas Nações Unidas, muitas pessoas ainda são torturadas ou maltratadas em, pelo menos, 81 dos países do Globo; submetidas a julgamentos injustos em 54 países; e, não têm direito de livre manifestação em 77. As marcas do nosso tempo e do nosso mundo, hoje, assim, são: injustiça, desigualdade e impunidade, infelizmente.


Cabe, aqui, refletir porque a situação continua pendendo para o lado das injustiças e da produção de sofrimento pelo homem sobre o próprio homem. Muito embora a presença de convenções institucionalizadas como a Declaração, incorporadas às leis de inúmeros países, continuam se formando sociedades injustas.
É importante observar que essa condição terrena não é definitiva. Atravessamos uma etapa evolutiva, como tantas outras, com suas próprias características. Os bilhões de espíritos manifestam suas aquisições morais nos mais diversos níveis, configurando práticas arquitetadas no bem ao lado de condutas inspiradas pelos mais baixos valores morais.
O homem tem necessidade “do mal para sentir o bem, da noite para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde”.
Assim, temos o mundo de provas e expiações, onde o mal ainda domina, mas a evolução moral irá aproximar os espíritos e o planeta de uma realidade menos material, sendo o mal extinto gradativamente.
A sobreexcitação dos instintos materiais abafa, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do senso moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais”.
Comentando sobre a guerra, Kardec a define como produto da natureza anda mais animalizada do ser humano, predominando os instintos sobre a razão. Virtudes como a indulgência, a fraternidade, a caridade não se consolidaram na mente do homem que guerreia.
O salto evolutivo ocorre quando esse homem encerra o combate a outro homem e inicia a luta contra as próprias imperfeições. Falando sobre a guerra, os Espíritos informam que ela cessará quando “os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época todos os povos serão irmãos
Cilindro de Ciro hoje noBritish Museum, a primeira declaração dos direitos humanos.Assim, A Declaração Universal dos Direitos Humanos, concretiza o desenvolvimento de novas concepções sobre a justiça divina. O homem se vê numa comunidade planetária, devedor do cumprimento de leis universais.
Marcelo Henrique aponta a necessidade de ação dos Estados para uma construção efetiva da justiça social, promovendo os “direitos sociais, econômicos e sociais, sem exceção”, haja visto que simplesmente reconhecer “os direitos inerentes ao ser humano não é atitude suficiente para garantir o seu pleno exercício”.
Os Espíritos Superiores afirmam que não basta abster-se da prática do mal, mas é necessário implementar o bem como ação social: “é preciso fazer o bem no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer”.
Pormenorizando, acrescentam logo adiante:
Não há ninguém que não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais a ocasião de praticá-lo. É suficiente estar em relação com outros homens para se fazer o bem, e cada dia da vida oferece essa possibilidade a quem não estiver cego pelo egoísmo porque fazer o bem não é apenas ser caridoso mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se fizer necessário“. (negrito nosso).


O Espiritismo demonstra o mecanismo evolutivo através das vidas sucessivas. A reencarnação renova as oportunidades de vivenciar os ensinamentos morais presentes nas diferentes culturas ou credos religiosos. A humanidade progride reencarnando, recapitulando experiências, retomando roteiros, refazendo intervenções e lutando sempre contra as imperfeições. Assim, enquanto evolui, o Espírito contribui para a evolução do mundo onde vive. O progresso se reflete no cotidiano e nas instituições.
Herkhenhoff considera a noção de direitos humanos como fruto da evolução conjunta de todos os povos e culturas, nas diferentes épocas históricas, refletindo na “evolução do pensamento filosófico, jurídico, e político da Humanidade”.
Além disso, entende os direitos humanos como um conjunto de idéias extremamente dinâmicos, pois “continuam sendo elaborados e construídos no processo dialético da História”. A própria Declaração, conforme o autor, já carece de reformulações e novas inserções, buscando atender às idéias desenvolvidas nas décadas subsequentes à sua criação.
Percebe-se a necessidade do constante repensar sobre os conceitos e ações da humanidade. Aprofundar o respeito aos direitos individuais e coletivos somente ganha significado após longas transformações sociais. O pensamento humano evolui à medida que o homem se vê como criação divina e responsável pela criação do mundo em que vive.
A Declaração embora exista como teoria, ainda não se concretizou plenamente na vivência dos povos. A sua realização ocorrerá quando a humanidade inserir a lei do amor nas relações particulares e no convívio entre os povos. Essa lei representa a transformação dos instintos em sentimentos, quando o homem pratica o verdadeiro amor: “esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas”.

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